terça-feira, 6 de março de 2012

Catadora entra para Ufes com ajuda de livros econtrados no lixo



 No mundo todo, os países que mais avançaram foram os que se convenceram do poder transformador da educação. NoEspírito Santo, o repórter André Junqueira encontrou uma trabalhadora que também pensa assim.
A entrada para um universo cheio de novidades e conhecimento foi cercada de emoção. “Na hora que desci do ônibus e coloquei o pé direito, falei: ‘Meu Deus, estou dentro da Ufes’”, conta Ercília Mozer.

A nova aluna da universidade federal tem 41 anos. Ercília ajuda o marido a recolher sucata e vender para o ferro velho. Foram 20 anos longe da sala de aula. Até que ela viu, durante mais um dia de trabalho pesado, o anúncio de uma chance no muro de uma escola. “Na hora que olhei o cartaz estava escrito: ‘inscrição para o EJA’, que é educação de jovens e adultos”m, lembra.
“O sonho dela era se formar, então o que eu pude fazer foi falar para ela ir em frente”, diz o marido Everaldo Teixeira.
Ela seguiu adiante. Mas, de casa para a escola, na cidade de Serra, na Grande Vitória, era uma hora de caminhada. O filho pequeno não poderia ficar sozinho. Não era fácil para Breno. “Eu ficava cansado! Muito cansado”, confessa o menino.
A bicicleta acoplada ao carrinho para transportar sucata virou solução. “Quando eu comecei a pedalar, me senti muito feliz”, ela revela.

Ercília concluiu o ensino médio dividindo tempo entre o estudo e a lida de recolher sucata com o marido. Foi aí que ela percebeu que poderia ir ainda mais longe. Ercília e Everaldo encontraram livros de biologia, de matemática e muitos outros no lixo. Eles não quiseram saber de jogar fora essa oportunidade.

Foram madrugadas de estudo. Não teve livro sem proveito. “Por eu não ter acesso a esse mundo de internet, eu tive que contar com os livros”, destaca Ercília.

Nesta segunda-feira (5), a aluna do curso de artes plásticas na federal do Espírito Santo se juntou aos outros calouros.

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