quarta-feira, 11 de julho de 2007

Quintas com orquestra


Lembro-me, quando ainda muito pequena, o dia em que fui assistir pela primeira vez a apresentação da orquestra sinfônica da Paraíba no Espaço Cultural de João Pessoa, acompanhada por meus pais. Naquele dia coloquei o meu vestido mais bonito: era branco, com lacinhos coloridos no ombro, e usava sapatinhos pretos, tipo boneca. Tinha na época sete anos, a idade que hoje tem minha filha Quetsia. Minha ansiedade era imensa. Ouvia os comentários dos meus pais sobre o concerto, tais como: o horário, o melhor lugar para sentarmos, os ingressos. Chegamos ao local e já havia algumas pessoas, todas muito alinhadas e elegantes. Achei estranho por não haver nenhuma criança, talvez o motivo fosse o horário, nove horas da noite era um pouco tarde. Fui ao banheiro com minha mãe para os últimos retoques no cabelo e vestido. Entramos no Teatro Paulo Pontes e o primeiro impacto foi emocionante...Uau, que lindo! A iluminação, as cadeiras, o palco, as cores, os instrumentos. Nossa! Como aquilo tudo era bonito... Comentei com meu pai, que por sua vez disse: "Eu também acho minha filha, é por isso que a trouxemos aqui hoje. Você não tem vontade de estudar piano?” Respondi que não, pois achava mais bonito aquele instrumento que era colocado no "pescoço". Falei apontando para o músico que na hora afinava a orquestra. Papa explicou-me, sorrindo pela forma como tinha falado, que o instrumento chamava-se violino e que tinha um som belíssimo. A orquestra enfim começou a tocar. Hoje percebo como era engraçada a minha reação, que oscilava de acordo com a intensidade da música: quando acelerava, ficava atenta e compenetrada; quando acalmava ficava serena e tranqüila. Foi uma experiência única em minha vida. Foi a partir daí que aos poucos meu interesse pelas variadas formas de arte foi aflorando.

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É interessante a importância desses acontecimentos na vida da criança. A atitude e a preocupação dos pais é de uma grandiosidade inexplicável. Ao final da apresentação, meu pai, com sua calma tão peculiar, me chamou baixinho tocando suavemente no meu ombro: "Minha filha, acabou". Olhei assustada para os lados dizendo: Já?. Não conseguira ficar acordada até o final e acabei adormecendo...
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