Numa manhã de domingo, quando me preparava para almoçar com a família, ouvi o grito
de minha filha:
- Mainha, vem cá!
Na hora, pensei
rápido: deve ser para assistir a mais algum vídeo engraçado no youtube.
-Daqui a pouco, filha. Respondi.
Ela insistiu, insistiu, insistiu...e desistiu.
Ficou chateada...
Percebendo um ar de
tristeza em seu rostinho, perguntei:
- O que houve Kekel?
- Patrícia está doente, precisou até de
transfusão de sangue e está fazendo quimioterapia.
-Como assim, como foi isso?...Você deve estar enganada!
E ela concluiu:
- Veja o que Patrícia escreveu no perfil
do seu Orkut.
Ao ler a mensagem, soube que se tratava de “Leucemia Miquelóide Aguda”, e que a recuperação
seria com transfusões de sangue e quimioterapia. Minha reação imediata foi um
misto de tristeza e nó na garganta. Na hora fiz uma pesquisa no google, para
esclarecer do que se tratava exatamente, pois as informações que conhecia eram
muito vagas.
Procurei por algo que pudesse fazer de imediato,
coincidentemente temos o mesmo tipo sanguíneo (0-), li que poderia doar sangue,
e também coletar uma amostra do mesmo para testes de compatibilidade de Medula
óssea. Faria o mais rápido possível, sem pestanejar!
Na manhã de segunda-feira, liguei para o órgão
responsável no Recife – HEMOPE - pelas doações e soube com mais clareza
como seriam todos os procedimentos.
Abracei a causa, acho que na
verdade, esse assunto só bate à porta quando
pessoas próximas estão passando por esse tipo situação. Tive a oportunidade de
assistir a alguns filmes e documentários sobre o assunto, mas percebi que a
coisa “pega” quando envolve os seus.
Devo confessar que tive medo de ligar para minha
amiga Patrícia. Já fazia alguns bons anos que não nos víamos, mas a amizade que outrora nos uniu, jamais saíra de minha boas recordações.
Lembro-me com nitidez das vezes em que íamos eu e Kekel(ainda pequenina) a sua
casa e passávamos horas a fio conversando sobre os mais variados assuntos.
Comentávamos sobre os planos a serem alcançados, gargalhávamos sobre as
situações vivenciadas, e como bem gosta de comentar Rodolfo:”Falávamos mal
da vida dos outros” (risos). Ah, minha amiga...quantas lembranças!
Bom, não vou mais me estender, quero que você
saiba que,se já te admirava antes por seu esforço e dedicação com seus lindos
filhos, agora ainda MAIS com sua força e determinação na luta contra o
cancer. Quando ao ligar pra você, sem saber ao certo como proceder e o que
dizer, escutei sua voz do outro lado às gargalhadas, dizendo, "Eu
sabia que você ficaria nervosa, Nadja, eu te conheço”. Aquele comentário me
tranquilizou e me encheu de felicidade ao perceber o quão forte você É, minha
amiga.
Estamos com você nessa luta!
Nadja Rolim