domingo, 28 de dezembro de 2008

Algo sobre a Violência


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"Hoje não temos mais a opção entre violência e não-violência.
É somente a escolha entre não-violência ou não-existência"
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Martin Luther King
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sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Sávio Rolim









Acervo fotográfico do filme "Menino de Engenho", por Rodolfo Vasconcellos


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As vezes esse menino me vem assim de forma tão intensa......obrigado pelos ensinamentos, sabedoria e intensidade que fazem brilhar os meus dias.
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quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Capitu, a arte de atuar








Talvez não tenha estirpe para falar sobre o assunto, mas o motivo que me move é bem maior. Tenho acompanhado a mini-série global “Capitu”, por saber que trata-se da obra de um dos maiores escritores da terra, O ilustre Machado de Assis.

confusa no primeiro capítulo ( apesar da leitura feita e sentida nos tempos da adolescência), pelo jogo de imagens, sons, ritmos e cores,...mas que no decorrer fui absorvendo, sentindo e entrando na história como se dela fizesse parte.

Num jogo fascinante e encantador a história do menino Bentinho vai sendo narrada de forma diferente e jamais vista. Mérito, PRICIPALMENTE, do elenco magnífico que dentre tantos, destacam-se: Michel Melamed, Maria Fernanda Cândido, Letícia Persiles, César Carcadeiro.

Fico emocionada com tamanha entrega, estudo, equilíbrio, sentidos. É tanto ser, é tanto amor, tanto coração e afeto. Fascinante o trabalho do ator. Que coisa grandiosa acompanhar momentos como este.

Ainda faltam os três últimos capítulos, fico vibrando junto á minha filha Quetsia, que também se emociona com a grandeza do espetáculo, que parece teatral, por ser tão verdadeiro e profundo. Quero aqui parabenizar o diretor Luiz Fernando Carvalho e a todos que fizeram parte da história.







quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Dançando ao som de Janis, a Joplin!...a lendária "Summertime"

Primeiro final de semana


Dedico a minha pequena sapeca, Quetsia.


Minha filha, resolvi escrever estas linhas ainda quando assistia a um programa sobre música. Em determinado momento sua lembrança me veio à cabeça de forma intensa, e a saudade bateu forte. Ao término do programa, peguei teu álbum e revi como lhos saudosos tuas fotografias, desde o nascimento até os dias de hoje. Vieram, assim como em um filme, as várias fases e histórias que marcaram nossas vidas, e ficaram registrados os acontecimentos e emoções ao longo dos anos. Minha expressão oscilava entre boas risadas a emoção contida.

Hoje é o teu primeiro final de semana na casa de uma coleguinha,certamente vira cheia de novidades. Os detalhes sobre o passeio, os lugares, as brincadeiras, as conversas, a dormida...É interessante este novo processo vivido. Aos poucos vai se desprendendo, a dependência de outrora diminui e o novo ciclo de amizade vai se expandindo.

Terminarei já-já este pequenino texto e vou te ligar,.Perguntarei como foi o teu dia, e farei aquele velho pedido que toda mamãe faz ao colocar o filhote para dormir: “Meu amor, durma bem e escove os dentinhos direito, hein?”

Às vezes a distância se faz necessária, para que percebamos o quanto importante e valoroso é, a presença de pessoas próximas em nossas vidas.







terça-feira, 4 de novembro de 2008

Vamos prestigiar!

Cia. Lua crescente divulga presenças importantes no I Encontro de Circo-Teatro de João PessoaCia. Lua crescente divulga presenças importantes no I Encontro de Circo-Teatro de João Pessoa.
"A equipe da produção do I Encontro de Circo-Teatro de João Pessoa, a Cia. Lua Crescente e a Piollin, segue revelando grandes nomes nacionais da arte circense dentro da programação do evento. Na semana passada, foi confirmada a presença do grupo carioca “Teatro de Anônimo”, que estará presente ministrando oficina “Acrobacia Aérea” e com o número “Dentro da Noite”.
As novidades divulgadas hoje são presenças do ator/palhaço Luis Carlos Vasconcelos, da pesquisadora de circo de São Paulo Ermínia Silva e de Zezo Oliveira representando a Escola Nacional de Circo Rio de Janeiro.
O I Encontro de Circo-Teatro Lua Crescente é uma iniciativa da Cia. Lua Crescente contemplada no Fundo Municipal de Cultura - FMC, de 2008. Mesas redondas, cinema, espetáculos, cortejos, shows vão rechear a programação que vai acontecer de forma descentralizada pela cidade: Espaço da Cia. Lua Crescente, em Miramar, Centro Cultural Piollin, no Roger, Teatro Ariano Suassuna, Praça da Paz, Sesc Centro e Praça das Muriçocas. Unindo forças, idéias e ideais, a Piollin se juntou a trupe Lua Crescente, e vai realizar simultaneamente o V Festival Paraibano de Palhaço.
A organização do encontro ainda promete novidades na programação do evento que acontecerá de 12 a 16 de novembro, e ressalta que as inscrições para a Muvuca Circense se encerram no próximo dia 31 de outubro, qualquer pessoa circense ou não podem se escrever.
Sobre Luis Carlos Vasconcelos
O ator paraibano estará no evento ministrando oficina de Técnicas de palhaço e também apresentando o espetáculo “Silêncio Total”, com seu conhecido palhaço Xuxu, e ainda integra a mesa de discussões sobre “Arte Circense feto por Atores”.
O palhaço Xuxu existe com este nome, desde 1978. Surgiu e se desenvolveu em experimentações de rua, basicamente através de improvisos onde o material que surgia era selecionado naturalmente pela aceitação ou não do público. Outras fontes de seu material cênico foram: a experiência como aluno da Escola Nacional de Circo do Rio de Janeiro, onde aperfeiçoou as técnicas circenses de equilíbrio, monociclo, dentre outras e a experiência musical, inicialmente com o violino, depois com o antigo fole alemão de oito baixos. Xuxu é um palhaço que nos remete às memórias da infância, à magia do circo e aos primeiros atores de rua. Sua alma revela o lado risível da nossa humanidade. “A dimensão de um palhaço está diretamente relacionada à dimensão do ridículo pessoal de quem o encarna. Tornar esse ridículo risível ou terno e oferecê-lo aos outros, é a missão dos palhaços”, coloca Luis Carlos".
Fonte>Paraíba News.com

domingo, 5 de outubro de 2008


Psicologia de um Vencido



Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escape da boca de um cardíaco.

Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos pra roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

Augusto dos Anjos

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Zabé da Loca




"Sempre acompanhada de seu pífano, atraindo a atenção geral pela propriedade com que executa o instrumento, é também apontada como a "rainha do pife" e solicitada para tocar em festas, o que, via de regra, sempre fez por prazer, sem receber nada por isso.

Em 2003, acabou sendo descoberta pelo Projeto Dom Hélder Câmara, que vem mapeando a musicalidade da caatinga para o Ministério do Denvolvimento Agrário, tranformando-se , aos 79 anos, na maior atração do Festival de Brincantes, realizado em Recife.

O reconhecimento de seu talento lhe rendeu o CD "Zabé da Loca", patrocinado pelo MDA. O disco conta com a assessoria do Quinteto Violado e do Projeto Dom Hélder Câmara e foi gravado no assentamento, tendo acompanhamento dos seguintes amigos tocadores: o sobrinho Beiçola (pífano), o filho Setenta (caixa), o compadre Mestre Levino (prato) e o vizinho Pinto (zabumba). No CD, o grupo executa "Asa Branca" de Luiz Gonzaga e composições próprias como "Balão", "Araçá cadê mamãe" e "Fulô de Mamoeiro".

Afirmando que só deixa de tocar quando morrer, Zabé e seu grupo se apresentou em Brasília, em janeiro de 2004, para, entre outros, o Ministro da Cultura, Gilberto Gil. Nesse ano, também recebeu convite do músico Carlos Malta para acompanhá-lo em duas apresentações no CCBB (Centro Cultural do Banco do Brasil), em Brasília.

Em junho do mesmo ano, sua apresentação com Hermeto Paschoal, no Forum Mundial de Cultura, ocorrido em São Paulo, foi efusivamente aclamada , merecendo atenção especial de participantes estrangeiros. No mesmo período apresentou-se, a convite no espaço cultural Sérgio Porto, no Rio de Janeiro. Em setembro de 2007, aos 83 anos, gravou o CD "Bom todo", pelo selo Crioula Records, produzido por Carlos Malta. Em 2008, lançou o CD "Bom todo", pela gravadora Crioula Records. O trabalho exibe faixas em que Zabé comprova sua consistência como instrumentista, através do virtuosismo com que executa seu "pífe" (pífano) em peças como "Balaio de onça", de Carlos Malta; o xote "Sala de reboco", de Luiz Gonzaga"; a ciranda "Sai de casa", o coco "Limoeiro" e o baião "Caboré", de sua autoria, além de "Queima" e "Vai minininho", parceria com Beiçola, músico de mãos tortas, falecido em 2006, logo depois da gravação e com quem Zabé interpreta os clarins marciais do Hino Nacional Brasileiro. Ainda em 2008, apresentou-se em show no Planetário da Gávea (RJ), dentro da série "Música nas estrelas", tocando juntamente com seu produtor, o multisopros Carlos Malta. Em setembro de 2007, aos 83 anos, gravou o CD "Bom todo", pelo selo Crioula Records, produzido por Carlos Malta. Em 2008, lançou o CD "Bom todo", pela gravadora Crioula Records. O trabalho exibe faixas em que Zabé comprova sua consistência como instrumentista, através do virtuosismo com que executa seu "pífe" (pífano) em peças como "Balaio de onça", de Carlos Malta; o xote "Sala de reboco", de Luiz Gonzaga"; a ciranda "Sai de casa", o coco "Limoeiro" e o baião "Caboré", de sua autoria, além de "Queima" e "Vai minininho", parceria com Beiçola, músico de mãos tortas, falecido em 2006, logo depois da gravação e com quem Zabé interpreta os clarins marciais do Hino Nacional Brasileiro. Ainda em 2008, apresentou-se em show no Planetário da Gávea (RJ), dentro da série "Música nas estrelas", tocando juntamente com seu produtor, o multisopros Carlos Malta".

Escrito por:
Isabel Marques da Silva

Zabé da Loca (2003) MDA CD
Bom todo (2008) Crioula Record CD





segunda-feira, 7 de julho de 2008

Arte de criar imagens e sugerir emoções por meio de uma linguagem em que se combinam sons ritmos e significados...Caráter do que emociona e toca a sensibilidade.

Presente que ganhei do meu amor, Rodolfo Vasconcellos


Às vezes o mundo assusta...

Pessoas inescrupulosas assustam.

E esse assustar pode vir de qualquer direção:

de cima, dos lados, até mesmo donde menos esperamos.

Então, fixa teu olhar no que te dá prazer,

no que te encanta e é bonito,

mesmo que esteja aparentemente num plano inferior.

E verás assim que, o olhar do mal não encontrará o teu,

e seu veneno não te tornará má.

Beijo de quem está ao teu lado.

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sexta-feira, 4 de julho de 2008

Custe o que Custar

Trata- se do: CQC!

CQC ou "Custe o que custar", programa exibido pela TV Bandeirantes vem incomodando muita gente, principalmente nossos "queridos" parlamentares. Integrantes providos de inteligência, humor inovador e fórmula exata para fazer críticas socias, apelos políticos e/ou simplesmente tirar sarro de alguém. Sugiro aos colegas e tenho certeza que, assim como eu, não vão conter o ar de felicidade e satisfação.

Ah!
Como não poderia deixar de ser: CQC no Congresso Nacional. Viva a liberdade de expressão!

Cântico negro


"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!


José Régio

















"Não aponte o dedo para Benazir Butho, seu puto

Ela está de luto, pela morte do pai

Benazir resiste e o olho que existe é o que vê."


Chico César




sábado, 10 de maio de 2008

Arthur da Távola - Um Homem Chamado Generosidade




Na beleza das tardes de domingo conheci Arthur, por intermédio do querido Rodolfo, que sempre teve essa preocupação em apresentar-me coisas e ou pessoas interessantes, que têm algo a acrescentar de alguma forma. Seja na política, cultura, música, esporte etc etc...


O primeiro contato foi marcante, tratava-se de uma pessoa com olhar doce, sorriso aberto, jeito manso... expressivo e, espontaneamente, inteligente. Geralmente costumava assistir suas aulas com muita atenção, onde aprendi a gostar ainda mais da música clássica, sem o medo de outrora. Arthur deixava-me à vontade e aos poucos fui tendo a clareza que todos podem ter acesso, basta apenas que haja um trabalho educacional nesse sentido.


Através da generosidade de Arthur em dividir com seu público toda a sua experiência em música erudita, conheci a Orquestra Filarmônica de Berlim, como também nomes de peso no cenário da música clássica, tais como a violinista Sarah Chang, o maestro Seiji Ozawa, e o pianista Vassily Pavlovich Lobanov. Sentia na forma como explicava, a singularidade de cada movimento, a emoção da orquestra, o esplendor dos músicos e o entusiasmo da platéia.


Soube a pouco que "da Távola" partiu. Recebi a notícia com lágrimas nos olhos, por saber tamanho significado desse homem na arte, a maestria e amor pela música. Mas é certo que o seu legado permanecerá e os frutos de sua dedicação viverão nos corações de todas as pessoas que acompanharam seu trabalho.


Me despeço do texto com a frase que costumava encerrar seu programa:

"Música é vida interior, e quem tem vida interior jamais padecerá de solidão.”


sábado, 22 de março de 2008

Ética


Carta após as manifestações do movimento ‘Ética Já’, em 29/09/2007 do movimento ‘Por Um Brasil Mais Digno’, em 11/10/2007:



"Durante muito tempo temos sofrido em silêncio. Nossos valores e nossa esperança de um país próspero têm sofrido açoites incessantes das mãos ríspidas da corrupção, da falta de ética em nossas instituições públicas. Estivemos desalentados, em um estado de comodidade, definhando um pouco todos os dias frente aos abusos de alguns que, sob o aspecto do poder público, se mantêm em uma posição inatingível, a partir da qual podem zombar do povo brasileiro, dos sentimentos puros das pessoas corretas do país, e não serem punidos de forma alguma.
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Alguns políticos e parte da imprensa agem com má-fé, tentando jogar brasileiros contra brasileiros, incitando rancor entre classes sociais e entre raças. Mas a eles dizemos que diferenças econômicas e de cor de pele não separam os filhos da Nação. Dizemos a eles que a ética não é privilégio de determinada classe ou de determinada cor, e é por ela que nos unimos. Todos nós temos sofrido juntos, contemplando, em silêncio, a longa noite que paira sobre o Brasil. Mas não mais somos irmãos apenas em infortúnio, mas também somos irmãos na linha de frente da luta por um Brasil com decência. Formamos uma grande família, filhos da mesma pátria, irmãos na mesma causa.
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Ouvimos o choro seco do Brasil, que há muito tempo clama pela ajuda de seus filhos. Não mais deixaremos nosso país sangrar, não mais daremos às costas ao pranto de nossa pátria que se lamenta pelo nosso presente e teme pelo nosso futuro. Não vamos nos intimidar com as falácias dos políticos de má-fé nem com a perfídia da imprensa que se vendeu, que tentarão desmoralizar as manifestações em todo o Brasil por verem seus interesses ameaçados. Nem nos envergonharemos quando esses, que tentam desmoralizar as manifestações legítimas de um povo, utilizam a palavra “golpismo”, quando na verdade estamos fazendo valer a liberdade de expressão, quando temos em nós o espírito da democracia ao participarmos da política de nosso país. Sabemos que não estamos sós e que sempre poderemos levantar nossas vozes e protestar. Temos o dever de lutar incessantemente, de erguer nossas bandeiras e ir às ruas enquanto houver injustiças e desrespeito ao povo. Liberdade ainda que tardia! Devemos ter fé que nossa força irá nos libertar dos grilhões da política corrupta, e fazer de nossa fé nosso compromisso, até o sonho virar realidade".
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Art. 5º- Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
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XVI -Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
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Golpista é aquele que difama os que exercem o direito sagrado de se expressarem. Golpista é aquele que calunia os que exercem a democracia. Golpista é aquele que injuria a liberdade daqueles que não se acomodam e lutam por justiça. Golpista é aquele que quer calar as opiniões divergentes e sequer considera a Lei.
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Art. 5ºIV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.
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sábado, 8 de março de 2008

Cátia de França

"Paraibana de João Pessoa, aprendeu na infância a tocar piano, violão, sanfona, flauta e percussão. Foi professora de música em sua cidade natal por algum tempo, até começar a compor em parceria com o poeta Diógenes Brayner. Participou de festivais de música popular na década de 60, época em que viajou à Europa com um grupo folclórico. Em 1970 saiu o primeiro compacto duplo, com músicas vencedoras de um festival estadual. De volta ao Brasil, foi para o Rio de Janeiro, onde travou contato com outros músicos nordestinos, como Zé Ramalho, Amelinha e Sivuca. O primeiro LP solo, "20 Palavras ao Redor do Sol", foi lançado em 1979, com músicas compostas sobre poemas de João Cabral de Melo Neto. Gravou outros discos nos anos 80 e em 1997 lançou o primeiro CD, "Avatar", com composições baseadas nos poemas de Manoel de Barros e na literatura de José Lins do Rego. Alguns intérpretes já gravaram músicas suas, como Elba Ramalho ("Kukukaya", "Oitava"). Chico César e Xangai participam de "Avatar".
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Ensacado

moinhos não morrem
ventos partidas não são só lenços
saudades não são soluços
nem solução pra espera
nem salvação dos pecados
tristezas não lavam pratos
resguardam restos desejos
flores e frutos do mal
por isso muito cuidado
queime de febre e não dobre
não quebre nunca, não morra
não corra atrás do passado
nem tente o ponto final
agüente firme a picada
da abelha, daquela velha
melada melancolia
segure a barra, requente
o caldo da sopa fria
vá cultivando a semente
até que um dia arrebente
o saco cheio de sol

Composição: Cátia de França e Sérgio Natureza



sábado, 16 de fevereiro de 2008

A Sentinela

Texto gentilmente cedido por meu querido Rodolfo Vasconcellos. É puro prazer lê-lo.
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"Meus pais saíram de Umbuzeiro quando eu tinha dezoito anos. Nessa época, eu morava e estudava em Caruaru e trabalhava durante o dia em São Caetano como almoxarife do escritório da Compesa. Papai fora transferido para João Pessoa onde alugou uma casa bem à beira mar de Tambaú e, imediatamente, escreveu-me uma carta sugerindo minha volta para casa, já que, o principal motivo que me levou a Caruaru – que era dar continuidade aos estudos – não tinha mais razão de ser. Agora eu poderia estudar em casa, junto a eles.
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Durante uns três meses passei a visita-los quinzenalmente, até o dia em que, encorajado pelas promessas de emprego de alguns amigos nossos, larguei a Compesa e fui curtir diariamente o prazer de morar com minha família na praia.
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Passaram-se três anos até que conseguisse um emprego razoável no Banco Comercial da Produção, um dos poucos em João Pessoa naquela época. Nesse intervalo, trabalhei no escritório do Posto Esso Metrópole, no Jornal “O Norte” como revisor, e em um escritório de contabilidade.Recebi o telegrama do banco confirmando minha nomeação, no dia anterior ao marcado para a apresentação. Lembro-me da alegria incontida... Até que enfim voltaria a ter um salário melhor!
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Foi tudo muito rápido. Não tive tempo nem mesmo para comprar uma camisa social branca e uma gravata, traje de todos os bancários daquele tempo. Passara o dia entregando minhas tarefas no escritório para o funcionário que me substituiria. Só à noite percebi que precisava cortar o cabelo, e que a única camisa de mangas compridas no guarda-roupa era uma vermelha, de veludo, usada para ir às aulas no frio de Caruaru há três anos atrás.
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No dia seguinte, apresentei-me assim ao gerente do banco, onde cheguei com uma hora de antecedência. Antes do início do expediente, numa rápida reunião, fui apresentado aos colegas. Cochichos acompanhados de sorrisos provocados por minha “discreta” camisa, não diminuíram meu entusiasmo.
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Ao final da reunião, enquanto o gerente-administrativo me passava as primeiras tarefas, tratei de garantir o emprego informando que cortaria o cabelo e compraria roupas adequadas, imediatamente. Passei aquela primeira manhã executando as tarefas mais simples da agência e aproveitando para me entrosar. Todos eram muito amigáveis, e eu não sabia mais o que fazer para agradá-los. Afinal de contas, foram três longos anos esperando aquela oportunidade.
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Minha camisa vermelha de veludo deixou de ser comentada à boca miúda. Numa roda de funcionários, próximo à hora do almoço, o assunto foi motivo de gozações e perguntas do tipo: “Onde tu comprou essa, tinha pra homem?”. Mas, antes que eu ficasse constrangido, todos contribuíram com uma enorme gargalhada coletiva, deixando-me mais à vontade.
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No horário determinado para meu almoço, um funcionário, escolhido pelos demais sem que eu soubesse, entregou-me uma caixa de papelão contendo uns três mil clipes de tamanhos e modelos variados, pedindo para que eu os separasse e contasse, anotando tudo numa folha de papel. Passei todo o horário do almoço executando essa tarefa, até ser encontrado pelo gerente que, constrangido, embora com um leve sorriso nos lábios, me informou que aquilo era um trote aplicado aos novatos. Entretanto, em vez de ficar chateado, confesso que até gostei. Talvez fosse um sinal de que havia sido aceito pelos colegas.
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No meio da tarde, pedi ao contínuo para comprar um sanduíche na lanchonete ao lado e fui “almoçar” na cantina da agência, que ficava nos fundos do prédio, onde também havia dois pequenos toaletes identificados à porta por duas figuras em acrílico preto, uma de saia e outra de calças, cartola e bengala. Durante o lanche, aproveitei para conhecer melhor aquela parte da agência. Tinha um pequeno fogão de duas bocas onde o contínuo preparava o café, garrafas térmicas, um pequeno armário, xícaras e produtos de limpeza. Havia também, pendurado na parede, próximo aos banheiros, um grande extintor de incêndio. Em face do péssimo estado da pintura, o prazo de validade devia estar vencido.
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Enquanto dava as últimas mordidas, me aproximei do extintor para ler as instruções. Era um modelo carregado com espuma. Ali dizia que não deveria ser utilizado em eletricidade e que bastava virá-lo de ponta-cabeça para que funcionasse. Não acreditei que, naquele estado, ele ainda fosse capaz de apagar algum entusiasmado fogo. Nunca tinha visto outro daquele modelo. Curioso, aproveitando que estava sozinho, resolvi testar: queria vê-lo funcionar ou, no mínimo, ganhar pontos com o gerente por haver detectado a sua inutilidade.
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Acocorado no centro da cantina, virei e desvirei rapidamente o pesado extintor, e nada aconteceu. Entendi que seria necessário um pouco mais de tempo para que o mecanismo funcionasse. Então repeti a trela, demorando agora uns três segundos com ele emborcado... Mais uma vez, não aconteceu nada. Certamente, deduzi, deveria deixá-lo virado até sair o primeiro esguicho e só então desvirá-lo. Assim procedi. Como um tiro, o jato de espuma veio forte, rápido e barulhento. Mal tive tempo de tirar a cara da frente do orifício. A espuma branca e densa atingiu a parede de azulejos que ficava defronte da porta da cantina, justamente onde, até há poucos minutos, estava pendurado o extintor. “Nossa mãe!!!”. O jato não parou , mesmo quando eu desvirei o extintor. Restou-me tapar o bico com a palma da mão e correr para um dos toaletes, arrastando aquele trambolho para dar vazão dentro do vaso sanitário.
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Após entrar no banheiro, tranquei a porta e apontei o bico para o vaso, retirando a mão. O segundo jato veio com a mesma força e barulho do primeiro. Em segundos, o vaso encheu de espuma até transbordar, obrigando-me a vedar o bico outra vez com uma das mãos, mantendo o extintor entre as pernas, enquanto com a outra mão acionava a descarga. Não adiantou nada. A água escorreu toda entre a louça do vaso e a densa parede de espuma, deixando-a intacta.
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“Nossa, preciso urgentemente fazer alguma coisa antes que alguém me veja!”. Não acreditava que aquilo estivesse acontecendo comigo. Nunca me metera numa situação daquelas. Acho que me entusiasmei demais pelo novo emprego, o ambiente do banco com aqueles clientes importantes entrando e saindo, aquela responsabilidade ao manusear papéis com valores tão altos... De repente, ouvi o ranger da mola que mantinha a porta da cantina sempre fechada. Alguém acabara de entrar! Colei a orelha na porta e ouvi o barulho da xícara sentando no pires, da colherinha mexendo o café e, em seguida, tudo o que eu não queria ouvir:
- Oxente! O que é isso? Alguém jogou sorvete no azulejo?!... – Era a voz do gerente.
Preocupado em ouvir o que acontecia do outro lado da porta, afrouxei sem querer a pressão da mão sobre o bico do extintor. Então, uma rajada de espuma imprensada foi liberada entre minha mão e o bico, produzindo um ruído peculiar, ampliado pela acústica do pequeno banheiro. Era um zumbido demorado, estridente, rasgado, cheio de altos e baixos e entonações variadas.
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Assustado com aquele barulho, principalmente por vir do toalete, o gerente abriu a porta que ligava a cantina ao interior da agência e gritou para o gerente-administrativo: “Corre, Araújo! Julieta ta passando mal!”. Julieta era uma charmosa morena, secretária da Gerência. Percebi então que, além de tudo, eu me encontrava no toalete feminino. Quanta coisa passou por minha cabeça naquele curtíssimo espaço de tempo entre o grito do gerente e a chegada de Araújo e outros funcionários que se aglomeraram à porta do trágico recinto.
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“Minha nossa! Num só dia, ganhar e perder um emprego que eu tanto lutara para conseguir, ainda mais naquelas circunstâncias...” Quando Julieta apareceu, todos ficaram reticentes: “Oxente! Olha Julieta aqui. Quem será então que está aí dentro?” Eu tremia todo. O extintor também. Mas, curiosamente, ele tremia num compasso mais lento, dando pequenos pulinhos. Parecia se sacudir como se estivesse numa contida gargalhada. Ouvi então a voz de Araújo:
- Quem está aí? O que está acontecendo?
Eu, envergonhado, humilhado, e até chateado por não terem sequer notado minha ausência, respondi de dentro daquele solitário “ringue”:
- Sou eu... O novato... Entrei numa enrascada!Do outro lado da porta fez-se silêncio por alguns segundos, quebrado em seguida pela voz de Araújo:
- Abra a porta, que a gente vai te ajudar!Primeiro dia de trabalho, encharcado de suor, agarrado àquele imenso e ranzinza extintor, o vaso cheio de espuma pela boca e eu, preso naquele minúsculo toalete feminino, com aquela camisa de veludo vermelha abotoada até o colarinho...
Abri a fechadura, e eles abriram a porta. Foi uma gargalhada só, seguida por uma rajada de comentários... Minhas pernas tremiam incontrolavelmente. Araújo pediu para que lhe entregasse aquele maldito extintor, o que fiz agradecido, com cuidado no trocar de mãos sobre o orifício do bico.
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Comandado pelo gerente-administrativo, o extintor foi direcionado mais uma vez para o vaso sanitário, e o seu bico liberado para que deixasse sair toda a espuma que, intransigentemente, insistia em botar pra fora.
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Mas que nada! Formou-se apenas um pequeno tufo de espuma no seu bico. Não havia mais pressão alguma, ficando por conta da imaginação de cada um daqueles espectadores o duelo que ali se travara.A briga daquele extintor fora apenas comigo, que o tirara da quietude daquele posto de sentinela da cantina, posicionado que estava bem defronte da porta há muitos anos; que não acreditara na sua capacidade de estar vivo apesar da aparência de abandono.
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Dias depois, após receber uma nova carga de espuma, voltou ao seu antigo posto. Chegou brilhando, com nova pintura, da mesma cor daquela minha camisa de veludo – da qual me desfiz logo no dia seguinte à emboscada.
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Quantos segredos deveria guardar?!... Quantas declarações de amor teria ouvido Julieta receber?!... Quantas promessas de ágio vira o gerente recusar?!...
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Não conseguimos nos tornar amigos. Mas, pelo menos, nunca mais tivemos problemas um com o outro.
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Nos primeiros meses depois daquela exibição de força, confesso que ficava incomodado sempre que ia à cantina e dava de cara com ele assim que abria a porta. Estático, como sempre, parecia sorrir, e eu, prudentemente, demonstrava ignora-lo.
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Nunca mais foi utilizado , e nunca mais o despertei de seu aparente sono. Ali continuou sendo um território feito especialmente para ele: incapaz sim, mas apenas de revelar os segredos daquela cantina".
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Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite pelo menos uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.
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"Pablo Neruda"
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“Estou socialmente estragado”


Agradeço o apoio e incentivo na construção desse blogger , querida amiga Lilih.

“Estou socialmente estragado” Raimundo Arruda Sobrinho, 68 anos vive há 11 anos no canteiro central da avenida Pedroso de Morais, em Pinheiros. Escreve livros artesanalmente, costurados com fiapos de sacos plásticos. Tosse e cospe. Em São Paulo os termômetros marcam 13º C.Não gosta do verbo morar e não quer ser chamado “morador de rua” . Troca algumas palavras com o repórter Felipe Gil.
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"Eu não sou morador de rua, sou vítima de um crime contra os direitos humanos!", diz, sobre sua condição. Quem cometeu o crime? "Responsabilizo o Estado, não sei quem é". O senhor denunciou? "Toda a máquina do Estado sabe". Quando o crime começou a ser cometido? "Não vou entrar nisso porque não tenho tempo e nem o senhor tem tempo. E nem capacidade".Era vendedor de livro antes de ser internado em 1976 no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas, onde passou dois meses. Ele não gosta de falar do passado costuma repetir “Faz muitos anos” embora tenha citado com carinho a casa onde viveu até abril de 1968. “Lá eu tinha papéis, escrivaninha, colchão de mola, lençóis, cobertor, travesseiro, sanitário".
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Diz que os Albergues não têm espaço para guardar seus escritos e pertences, que ele sempre os mantêm escondidos debaixo de lonas. Está vestido com jeans, camisa suja, meias rasgadas nos calcanhares e se cobre com os restos de uma manta infantil. Diz calçar entre 39 e 41 mas não quer sapatos, nem manta nova. "Não posso ter muita coisa, ou eles vêm e rasgam, assaltam", explica. Quem? "Não sei, eu não sei de nada. Sei que aparece rasgado". Mas o senhor não está aqui o tempo todo? "Estou, mas eles hipnotizam!". O senhor já foi agredido? "Muitas vezes, já".
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Escreve enquanto há luz natural. Apesar do cuidado com que produz, Arruda despreza os escritos. "Isso é para matar a curiosidade de quem vem aqui, porque não vale nada. Eu sei que não vale nada". Não pensa em publicá-los. "Quando eu procurei ninguém quis. Hoje não quero nem ouvir falar do assunto". Assina como "O Condicionado", um pseudônimo que usa "há muitos anos". Cada exemplar doado é numerado e datado. De 2000 a 2007, marca os anos como 1999+1 a 1999+8. Ele explica: "quando disseram que era o ano 2000, sabia que já tinha passado. Estou sabendo que é tudo falsidade. Quando dizem que é uma coisa, é outra".
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O ex-livreiro, escritor e vitima do crime contra os direitos humanos, nasceu em Piacá, no norte de Goiás - hoje Goiatins, cidade de 11 mil habitantes no norte do Tocantins, se vê permanentemente mal-humorado, e sabe que isso afasta as pessoas.Diz: "Estou socialmente estragado".
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