quarta-feira, 9 de maio de 2007

Falando das Flores

Fardo...

Há alguns dias atrás, estava lendo sobre os muitos assuntos ligados à psicologia em geral, bem como sobre a psicologia nazista de Hitler, o que me chamou a atenção pela brutalidade do tratamento dos distúrbios atribuídos à mente humana e seus devaneios. Por um instante lembrei do meu pai e do tratamento no Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira, no qual o acompanhava nas consultas com uma psicanalista que o levava também para oficinas junto a pessoas com problemas mentais. Essas idas ao hospital, cerca de três vezes durante a semana, costumavam durar toda a manhã. Foi uma experiência muito forte, rica e intensa em minha vida. Observar o vai e vem daquelas vidas, perdidas, sem rumo nem expectativa, mexia muito comigo. Além disso, saber que aquela doença jamais teria cura, apenas um tratamento para amenizar a ansiedade e agressividade, com medicamentos que lhes dopavam e que lhes deixavam, na maioria das vezes, uns zumbis anestesiados.

Presenciei as diversas situações. Uma que me marcou muito, foi no dia em que acompanhei “papa” ao ambulatório para tratar de uma ferida no braço, devido a uma queda na escadaria da casa onde mora no centro da cidade. Quando chegamos ao local, a enfermeira cuidadosamente tratava o ferimento, fazendo assepsia, colocando remédios e curativos. A enfermaria ficava próxima à ala dos pacientes mais nervosos, e era fechada por grades, prevenindo assim, da entrada dos pacientes que, aos poucos, foram se aproximando, falando alto, fazendo perguntas, pedindo dinheiro e chamando pela mãe. Muitos ficavam acariciando o sexo, outros chegavam a baixar as calças e me chamar, fazendo insinuações. A enfermeira de plantão, com sua experiência adquirida ao longo dos anos, conversava com eles e comentava baixinho que não ficássemos assustados, pois, aquilo era normal. Fiquei tão atordoada com aquela situação que, a minha reação logo depois que deixei meu pai em sua casa, foi chorar compulsivamente. Sentei em um banquinho da praça mais próxima e fiquei a me questionar o "porquê" daquilo tudo.

Eu, que jamais pensara passar por isso na vida, me vi extremamente fragilizada por esses acontecimentos, mas, tinha que demonstrar força a meu pai que só tem a mim. É uma responsabilidade que aos poucos fui administrando. É o amadurecer antes do previsto. Sinto-me mais forte agora e também feliz, por saber que tenho forças para enfrentar todo e qualquer obstáculo. Esta vida é um aprendizado constante...

Sem mais delongas, pois não foi minha intenção me estender tanto... queria mesmo era falar sobre Freud e a mente humana, assunto que tem me interessado desde então. Quero aprender um pouco mais sobre meu pai e desfrutar do fascínio que sinto pela psicologia.