quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Lembranças do meu Tio Zé


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“ Premunição”

“ E nesta vida, existiu um ser,

Que tentou unir o preto ao branco,

A luz ás trevas,

Porque vivia num mundo de contrastes

E pensou assim ser entendido pelos contrastes.

Tentou dizer, que lá, que é aqui,

Existiu um côro de crianças risonhas,

colhido delicadamente pela bomba atômica,

que os maiores erros

são arranhões em rostos

de mulheres belíssimas,

que o amor fez desaparecer.

Mas não entenderam ,

E um dia, chorou de alegria,

Porque foi acariciado

Por um repugnante molusco

Que fez uma festa para recebê-lo,

e em seguida, sentiu, no rosto, o perfume

de uma cusparada de um servo de Deus. “


José Mario Souto Batista

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Pai


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Aqui dentro, na região mais secreta de meu ser, onde as coisas doem ou deixam de doer depois que cicatrizam, o que ressoa sempre é sua voz erguendo-se de repente. É sua voz que a mim se estende, que me envolve como um casulo de solidariedade, que me ensina o sentido da cumplicidade.

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Em seu obstinado silêncio, em sua “aparente” desistência do mundo, meu pai jamais deixa de ter sobre mim um olhar atento. Sabe, sempre, quando me deixar feliz.

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"Eu muito pequena, cabendo inteira no espaço de seu abraço. A barba por fazer me raspa o rosto, é a primeira vez que experimento essa sensação ao mesmo tempo desconfortável e de intenso prazer. Ali, naquele refúgio, nada poderia me colocar em risco."

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