sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Eduardo Coutinho canta o seu novo filme

Assistir a um filme de Eduardo Coutinho se tornou há algum tempo mais do que uma experiência imagética e sonora, mas também um confronto com o cinema como teoria – mais precisamente, com o campo do documentário. Isto porque a filmografia de Coutinho se confunde com a história do documentário contemporâneo brasileiro: Cabra Marcado para Morrer, é a gênese.
O fim e o princípio marca a crise desse método (no qual o filme que se procurava não acontece como se previa).
Finalmente, temos a reinvenção do campo e do dispositivo em Jogo de Cena e Moscou, trazendo para frente da câmera a encenação. F
Por isso, quem chega em As Canções pode a princípio se frustrar. Não, Coutinho não vai mais uma vez revolucionar o campo documental, não vai questionar a encenação, os jogos de poder entre entrevistador e entrevistado ou as nossas relações com a imagens. Ao contrário, o dispositivo do seu novo filme já estava presente em vários dos seus filmes anteriores, neste seus entrevistados cantam músicas que marcaram sua trajetória de vida de alguma forma.
O Jogo de Cena Coutinho pega emprestado também o cenário: um palco de teatro com a câmera enquadrando apenas uma cadeira, que será ocupada por seus personagens cantantes.
Ainda assim, e talvez justamente por isso, há muito não se assistia a um filme tão belo do diretor. Instalados no dispositivo, mergulhando na memória dos entrevistados e nas nossas memórias reviradas pelas letras da canções flui-se livremente pelo filme e por suas emoções – sem tantas amarras aos procedimentos do diretor. O próprio Coutinho parece esquecer-se de seus métodos para em uma deslizada ou outra cantarolar algum trecho de canção. As Canções acaba assim sendo um filme bastante singelo, que se interessa profundamente em ouvir e ver seus personagens. Mesmo os que só aparecem por pouquíssimos minutos, apenas para cantar uma música, ou um trecho, sem que possamos saber mais sobre a sua história. Ficam as vozes, quase sempre mais expressivas do que afinadas e os closes dos rostos. Nesse sentido, os rostos enrugados, marcados, são tão narrativos quanto as letras das canções e as histórias de vida.
Se em Jogo de Cena, o que perpassava as entrevistas era o universo feminino, aqui a temática – com poucas exceções é a dos relacionamentos amorosos. Se em Jogo de Cena, o que perpassava as entrevistas era o universo feminino, aqui a temática – com poucas exceções é a dos relacionamentos amorosos. Nesse sentido, um dos filmes que mais dialoga com As Canções seria a divertida comédia romântica musical de Alain Resnais, Amores Parisienses. Se o terreno de Coutinho fica entre o samba e uma MPB mais consagrada, com algumas brechas para as composições autorais, Resnais apela para a música pop francesa sem o menor medo de fazer os seus personagens soarem ridículos. O que ambos os diretores sabem é que nas nossas vidas o que há de mais íntimo, de mais doído, de mais saboroso, não deixa de caber perfeitamente na letra daquela canção que todo mundo conhece. Nossas memórias afetivas não deixam de ser a música que faz parte do imaginário coletivo, que todos sabem de cor. E não há do que se envergonhar – pois assim como Coutinho, nós espectadores também nos pegamos cantarolando baixinho.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Lembranças do Circo


"Isso mesmo! Quem não tem saudades do circo?

Quem não guarda, lá dentro,

no mais profundo da alma,

uma saudade menina

da primeira alegria no circo?

Quem não se lembra do primeiro velho palhaço,

roupas coloridas, frouxonas, cheias de longos babados,

espicha-encolhe, querendo cair toda hora?

Quem não se recorda do palhaço mais novo

fazendo negaças, pisca-piscando,

equilibrando como um joão-bobo,

piruetando em volta de si mesmo,

triste e alegre ao mesmo tempo?

Todos nós temos um universo de lembranças

de um novo ou de um velho circo,

dependendo de onde nasceu

e de onde viveu os primeiros anos de vida,

em cidade pequena o cidade grande.

Em nossas lembranças haverá sempre um circo.

circo pobrezinho de chão de poeira,

de lona furada, sem cores,

de bicicletinhas para equilíbrio.


Sempre guardaremos a lírica de boas lembranças,

a saudade gostosa do primeiro encontro com o circo,

jamais desfeita de nossa memória e de nosso coração…

Nada há mais delicioso que o primeiro espetáculo de circo…

Nada mais"!...








Autor: Wanderlino Arruda

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A Dura Vida dos Ateus em um Brasil Cada Vez Mais Evangélico


Por ELIANE BRUM


O diálogo aconteceu entre uma jornalista e um taxista na última sexta-feira. Ela entrou no táxi do ponto do Shopping Villa Lobos, em São Paulo, por volta das 19h30. Como estava escuro demais para ler o jornal, como ela sempre faz, puxou conversa com o motorista de táxi, como ela nunca faz. Falaram do trânsito (inevitável em São Paulo) que, naquela sexta-feira chuvosa e às vésperas de um feriadão, contra todos os prognósticos, estava bom. Depois, outro taxista emparelhou o carro na Pedroso de Moraes para pedir um “Bom Ar” emprestado ao colega, porque tinha carregado um passageiro “com cheiro de jaula”. Continuaram, e ela comentou que trabalharia no feriado. Ele perguntou o que ela fazia. “Sou jornalista”, ela disse. E ele: “Eu quero muito melhorar o meu português. Estudei, mas escrevo tudo errado”. Ele era jovem, menos de 30 anos. “O melhor jeito de melhorar o português é lendo”, ela sugeriu. “Eu estou lendo mais agora, já li quatro livros neste ano. Para quem não lia nada...”, ele contou. “O importante é ler o que você gosta”, ela estimulou. “O que eu quero agora é ler a Bíblia”. Foi neste ponto que o diálogo conquistou o direito a seguir com travessões.
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 - Você é evangélico? – ela perguntou.
 - Sou! – ele respondeu, animado.
 - De que igreja?
 - Tenho ido na Novidade de Vida. Mas já fui na Bola de Neve.
- Da Novidade de Vida eu nunca tinha ouvido falar, mas já li matérias sobre a Bola de Neve. É bacana a Novidade de Vida?
- Tou gostando muito. A Bola de Neve também é bem legal. De vez em quando eu vou lá.
- Legal.
- De que religião você é?
- Eu não tenho religião. Sou ateia.
- Deus me livre! Vai lá na Bola de Neve.
- Não, eu não sou religiosa. Sou ateia.
- Deus me livre!
- Engraçado isso. Eu respeito a sua escolha, mas você não respeita a minha.
- (riso nervoso).
- Eu sou uma pessoa decente, honesta, trato as pessoas com respeito, trabalho duro e tento fazer a minha parte para o mundo ser um lugar melhor. Por que eu seria pior por não ter uma fé?
- Por que as boas ações não salvam.
- Não?
- Só Jesus salva. Se você não aceitar Jesus, não será salva.
- Mas eu não quero ser salva.
- Deus me livre!
- Eu não acredito em salvação. Acredito em viver cada dia da melhor forma possível.
- Acho que você é espírita.
- Não, já disse a você. Sou ateia.
- É que Jesus não te pegou ainda. Mas ele vai pegar.
- Olha, sinceramente, acho difícil que Jesus vá me pegar. Mas sabe o que eu acho curioso? Que eu não queira tirar a sua fé, mas você queira tirar a minha não fé. Eu não acho que você seja pior do que eu por ser evangélico, mas você parece achar que é melhor do que eu porque é evangélico. Não era Jesus que pregava a tolerância?
- É, talvez seja melhor a gente mudar de assunto...

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O taxista estava confuso. A passageira era ateia, mas parecia do bem. Era tranquila, doce e divertida. Mas ele fora doutrinado para acreditar que um ateu é uma espécie de Satanás. Como resolver esse impasse? (Talvez ele tenha lembrado, naquele momento, que o pastor avisara que o diabo assumia formas muito sedutoras para roubar a alma dos crentes. Mas, como não dá para ler pensamentos, só é possível afirmar que o taxista parecia viver um embate interno: ele não conseguia se convencer de que a mulher que agora falava sobre o cartão do banco que tinha perdido era a personificação do mal.)
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Chegaram ao destino depois de mais algumas conversas corriqueiras. Ao se despedir, ela agradeceu a corrida e desejou a ele um bom fim de semana e uma boa noite. Ele retribuiu. E então, não conseguiu conter-se:
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- Veja se aparece lá na igreja! – gritou, quando ela abria a porta.
- Veja se vira ateu! – ela retribuiu, bem humorada, antes de fechá-la.

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Ainda deu tempo de ouvir uma risada nervosa.

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A parábola do taxista me faz pensar em como a vida dos ateus poderá ser dura num Brasil cada vez mais evangélico – ou cada vez mais neopentecostal, já que é esta a característica das igrejas evangélicas que mais crescem. O catolicismo – no mundo contemporâneo, bem sublinhado – mantém uma relação de tolerância com o ateísmo. Por várias razões. Entre elas, a de que é possível ser católico – e não praticante. O fato de você não frequentar a igreja nem pagar o dízimo não chama maior atenção no Brasil católico nem condena ninguém ao inferno. Outra razão importante é que o catolicismo está disseminado na cultura, entrelaçado a uma forma de ver o mundo que influencia inclusive os ateus. Ser ateu num país de maioria católica nunca ameaçou a convivência entre os vizinhos. Ou entre taxistas e passageiros.
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Já com os evangélicos neopentecostais, caso das inúmeras igrejas que se multiplicam com nomes cada vez mais imaginativos pelas esquinas das grandes e das pequenas cidades, pelos sertões e pela floresta amazônica, o caso é diferente. E não faço aqui nenhum juízo de valor sobre a fé católica ou a dos neopentecostais. Cada um tem o direito de professar a fé que quiser – assim como a sua não fé. Meu interesse é tentar compreender como essa porção cada vez mais numerosa do país está mudando o modo de ver o mundo e o modo de se relacionar com a cultura. Está mudando a forma de ser brasileiro.
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Por que os ateus são uma ameaça às novas denominações evangélicas? Porque as neopentecostais – e não falo aqui nenhuma novidade – são constituídas no modo capitalista. Regidas, portanto, pelas leis de mercado. Por isso, nessas novas igrejas, não há como ser um evangélico não praticante. É possível, como o taxista exemplifica muito bem, pular de uma para outra, como um consumidor diante de vitrines que tentam seduzi-lo a entrar na loja pelo brilho de suas ofertas. Essa dificuldade de “fidelizar um fiel”, ao gerir a igreja como um modelo de negócio, obriga as neopentecostais a uma disputa de mercado cada vez mais agressiva e também a buscar fatias ainda inexploradas. É preciso que os fiéis estejam dentro das igrejas – e elas estão sempre de portas abertas – para consumir um dos muitos produtos milagrosos ou para serem consumidos por doações em dinheiro ou em espécie. O templo é um shopping da fé, com as vantagens e as desvantagens que isso implica.
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É também por essa razão que a Igreja Católica, que em períodos de sua longa história atraiu fiéis com ossos de santos e passes para o céu, vive hoje o dilema de ser ameaçada pela vulgaridade das relações capitalistas numa fé de mercado. Dilema que procura resolver de uma maneira bastante inteligente, ao manter a salvo a tradição que tem lhe garantido poder e influência há dois mil anos, mas ao mesmo tempo estimular sua versão de mercado, encarnada pelos carismáticos. Como uma espécie de vanguarda, que contém o avanço das tropas “inimigas” lá na frente sem comprometer a integridade do exército que se mantém mais atrás, padres pop star como Marcelo Rossi e movimentos como a Canção Nova têm sido estratégicos para reduzir a sangria de fiéis para as neopentecostais. Não fosse esse tipo de abordagem mais agressiva e possivelmente já existiria uma porção ainda maior de evangélicos no país.
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Tudo indica que a parábola do taxista se tornará cada vez mais frequente nas ruas do Brasil – em novas e ferozes versões. Afinal, não há nada mais ameaçador para o mercado do que quem está fora do mercado por convicção. E quem está fora do mercado da fé? Os ateus. É possível convencer um católico, um espírita ou um umbandista a mudar de religião. Mas é bem mais difícil – quando não impossível – converter um ateu. Para quem não acredita na existência de Deus, qualquer produto religioso, seja ele material, como um travesseiro que cura doenças, ou subjetivo, como o conforto da vida eterna, não tem qualquer apelo. Seria como vender gelo para um esquimó.
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Tenho muitos amigos ateus. E eles me contam que têm evitado se apresentar dessa maneira porque a reação é cada vez mais hostil. Por enquanto, a reação é como a do taxista: “Deus me livre!”. Mas percebem que o cerco se aperta e, a qualquer momento, temem que alguém possa empunhar um punhado de dentes de alho diante deles ou iniciar um exorcismo ali mesmo, no sinal fechado ou na padaria da esquina. Acuados, têm preferido declarar-se “agnósticos”. Com sorte, parte dos crentes pode ficar em dúvida e pensar que é alguma igreja nova.
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Já conhecia a “Bola de Neve” (ou “Bola de Neve Church, para os íntimos”, como diz o seu site), mas nunca tinha ouvido falar da “Novidade de Vida”. Busquei o site da igreja na internet. Na página de abertura, me deparei com uma preleção intitulada: “O perigo da tolerância”. O texto fala sobre as famílias, afirma que Deus não é tolerante e incita os fiéis a não tolerar o que não venha de Deus. Tolerar “coisas erradas” é o mesmo que “criar demônios de estimação”. Entre as muitas frases exemplares, uma se destaca: “Hoje em dia, o mal da sociedade tem sido a Tolerância (em negrito e em maiúscula)”. Deus me livre!, um ateu talvez tenha vontade de dizer. Mas nem esse conforto lhe resta.
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Ainda que o crescimento evangélico no Brasil venha sendo investigado tanto pela academia como pelo jornalismo, é pouco para a profundidade das mudanças que tem trazido à vida cotidiana do país. As transformações no modo de ser brasileiro talvez sejam maiores do que possa parecer à primeira vista. Talvez estejam alterando o “homem cordial” – não no sentido estrito conferido por Sérgio Buarque de Holanda, mas no sentido atribuído pelo senso comum.
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Me arriscaria a dizer que a liberdade de credo – e, portanto, também de não credo – determinada pela Constituição está sendo solapada na prática do dia a dia. Não deixa de ser curioso que, no século XXI, ser ateu volte a ter um conteúdo revolucionário. Mas, depois que Sarah Sheeva, uma das filhas de Pepeu Gomes e Baby do Brasil, passou a pastorear mulheres virgens – ou com vontade de voltar a ser – em busca de príncipes encantados, na “Igreja Celular Internacional”, nada mais me surpreende.
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Se Deus existe, que nos livre de sermos obrigados a acreditar nele. 
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ELIANE BRUM Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de um romance -Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo). E codiretora de dois documentários: Uma HistóriaSeverina e Gretchen Filme
Estrada.
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sábado, 3 de dezembro de 2011

Alceu Valença e José Cláudio são os homenageados do carnaval do Recife

O Natal ainda não chegou, mas no Recife já se pensa em carnaval. A Prefeitura anunciou, na manhã desta quinta-feira (1), o cantor Alceu Valença e o artista plástico José Cláudio como homenageados da próxima festa momesca na cidade.
Os dois artistas estiveram presentes na coletiva de imprensa, no gabinete do prefeito João da Costa. Nascido em Ipojuca, José Cláudio afirma que está muito emocionado. "Essa homenagem é o reconhecimento do meu amor pelo carnaval", acredita Cláudio, que terá suas obras expostas por toda a cidade. "Eu nunca imaginei que veria Recife funcionar como um grande outdoor do meu trabalho", conta emocionado. "É a oportunidade das pessoas ligarem a obra de José Cláudio ao artista. As pessoas conhecem a obra, mas, por vezes, não sabem quem é o autor", explica o prefeito João da Costa.
O cantor Alceu Valença, um dos homenageados (Foto: Katherine Coutinho/G1)
O cantor Alceu Valença também declarou seu amor pela cidade, embora tenha nascido em São Bento do Una. "O carnaval e o Recife nunca me deixaram, mesmo quando eu morava na França", declara Alceu, que colocou todos para cantar com ele um de seus frevos. "Ele é um dos responsáveis pela renovação do frevo", diz o secretário de Cultura Renato L.

Alceu aproveitou também para lembrar o a importância dos meios de comunicação na renovação da cultura. “Povo sem cultura, não é nada. Cultura é tradição, mas também renovação. E a mídia precisa ajudar a divulgar, precisa tocar frevo nos rádios, para o povo conhecer as músicas novas e não ficarmos com um carnaval de velhos”, defende Alceu.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

EsCrOtOoOoOoOoOoOoOoOoO


Marzieh Dastjerd



No Irã, Marzieh Dastjerd torna-se a primeira mulher a ocupar um Ministério. Em seu discurso de posse, ela defende uma maior participação feminina no governo e a justifica com o dado de que, nos país, "Entre 60 e 70% dos universitários são mulheres".

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Abraço à causa


Numa manhã de domingo, quando me preparava para almoçar com a família, ouvi o grito de minha filha:

- Mainha, vem cá!

Na hora, pensei rápido: deve ser para assistir  a mais algum vídeo engraçado no youtube.

-Daqui a pouco, filha. Respondi.

Ela insistiu, insistiu, insistiu...e desistiu.
Ficou chateada...
Percebendo um ar de tristeza em seu rostinho, perguntei:
 
- O que houve Kekel?

- Patrícia está doente, precisou até de transfusão de sangue e está fazendo quimioterapia.

-Como assim, como foi isso?...Você deve estar enganada!

E ela concluiu:

 - Veja o que Patrícia escreveu no perfil  do seu Orkut.

Ao ler a mensagem, soube que se tratava de “Leucemia Miquelóide Aguda”,  e que a recuperação seria com transfusões de sangue e quimioterapia. Minha reação imediata foi um misto de tristeza e nó na garganta. Na hora fiz uma pesquisa no google, para esclarecer do que se tratava exatamente, pois as informações que conhecia eram muito vagas. 

Procurei por algo que pudesse fazer de imediato, coincidentemente temos o mesmo tipo sanguíneo (0-), li que poderia doar sangue, e também coletar uma amostra do mesmo para testes  de compatibilidade de Medula óssea. Faria o mais rápido possível, sem pestanejar!

Na manhã de segunda-feira, liguei para o órgão responsável no Recife – HEMOPE - pelas doações e soube com mais clareza como seriam todos os procedimentos.

Abracei a causa, acho que na verdade, esse assunto só bate à porta quando pessoas próximas estão passando por esse tipo situação. Tive a oportunidade de assistir a alguns filmes e documentários sobre o assunto, mas percebi que a coisa “pega” quando envolve os seus.

Devo confessar que tive medo de ligar para minha amiga Patrícia. Já fazia alguns bons anos que não nos víamos, mas a amizade que outrora nos uniu, jamais saíra de minha boas recordações. Lembro-me com nitidez das vezes em que íamos eu e Kekel(ainda pequenina) a sua casa e passávamos horas a fio conversando sobre os mais variados assuntos. Comentávamos sobre os planos a serem alcançados, gargalhávamos sobre as situações vivenciadas, e como bem gosta de comentar Rodolfo:”Falávamos mal da vida dos outros” (risos). Ah, minha amiga...quantas lembranças!

Bom, não vou mais me estender, quero que você saiba que,se já te admirava antes por seu esforço e dedicação com seus lindos filhos, agora ainda MAIS com sua força e determinação na luta contra o cancer. Quando ao ligar pra você, sem saber ao certo como proceder e o que dizer,  escutei sua voz do outro lado às gargalhadas, dizendo, "Eu sabia que você ficaria nervosa, Nadja, eu te conheço”. Aquele comentário me tranquilizou e me encheu de felicidade ao perceber o quão forte você É, minha amiga.

Estamos com você nessa luta!

Nadja Rolim




quinta-feira, 10 de novembro de 2011



É morta pelo Exército boliviano, aos 29 anos, a revolucionária argentina Tânia Bunke,que lutava na guerrilha ao lao do Che Guevara. Seu corpo, anos depois, será enterrado em Santa Clara, em Cuba, junto ao do Che.


Tamara Bunke ,Tania la guerrillera, fue una de las piezas fundamentales de la guerrilla del Che.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Algo sobre a mentira

 
 
Uma consciência clara ri de acusações falsas

Humildade e serenidade – duas virtudes que me segredaram. A dignidade não se ofende com as falsas acusações. Ofende-se com as verdadeiras! Por isso estou certa de que tenho desempenhado , com o apoio incrível de meu esposo Rodolfo e de minha família, um bom papel como filha. Não cabe aqui ressaltar o que fizemos e o que temos feito, sinceramente NÃO CABE. Isso penas, diz respeito a mim, minha família e a meu querido pai.

Cabe dizer sim da minha eterna gratidão ao meu esposo Rodolfo. É com ele que divido e dividi todos os meus medos, angústias, questionamentos, conclusões e soluções. Foi através de uma atitude que ele teve, no início de 2008, quando compadecido com a situação que se encontrava meu pai, levou-o pacientemente ao Hospital, para o início de uma longa e duradoura jornada até os dias de hoje. A ele sim, meus agradecimentos eternos.

Algo sobre a mentira:
Solta-se a língua e diz-se de tudo, esquece-se a honra e finge-se mudo. Pobres criaturas de mantos sombrios, pesa-lhe a vida que corrói as entranhas, alimentam fastios escalando montanhas. Observo do alto onde jamais chegarão, inventam logro e vendem a alma por meio tostão. Desprezo eu sinto do olhar afiado que nutre a mentira, odeia a verdade esquecendo que o tempo é o melhor aliado.


Nadja Rolim

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Marcelo Tas: “Se você faz uma coisa que agride alguém, chegou no limite”

Até então em silêncio sobre a última polêmica do programa CQC, Marcelo Tas deu sua opinião sobre o episódio que culminou com o afastamento de Rafinha Bastos do programa da Band. “O politicamente correto é uma peste que veio para infernizar a vida dos seres humanos, sou totalmente contra. O humor tem que ser engraçado. Agora, se você faz uma coisa que agride alguém e não é engraçado, aí para mim você chegou no limite”, disse. E depois suavizou a polêmica. “Isso não é nada grave para ser debatido como a coisa mais séria do mundo”, continuou. Na edição do programa CQC, da Band, que foi ao ar no dia 26 de setembro, Marcelo Tas comentou que achava Wanessa Camargo “uma gracinha” grávida. Rafinha Bastos, seu colega de bancada, disse que “comeria ela e o bebê”. O comentário gerou revolta nas redes sociais, as mesmas que alçaram o programa à categoria de atração do momento. Rafinha foi suspenso e substituído por Monica Iozzi. Tas concedeu uma entrevista exclusiva ao iG dentro da programação oficial do Festival do Rio, logo após participar de um debate sobre formas de se fazer sucesso, neste domingo (9).

sexta-feira, 23 de setembro de 2011


Veja íntegra do discurso de Dilma Rousseff na ONU

A presidente da República, Dilma Rousseff, abriu na manhã desta quarta-feira a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), sendo a primeira mulher a receber a honraria desde a criação do órgão. Leia a íntegra do discurso de Dilma:

Senhor presidente da Assembleia Geral, Nassir Abdulaziz Al-Nasser,
Senhor secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon,
Senhoras e senhores chefes de Estado e de Governo,
Senhoras e senhores,

Pela primeira vez, na história das Nações Unidas, uma voz feminina inaugura o Debate Geral. É a voz da democracia e da igualdade se ampliando nesta tribuna que tem o compromisso de ser a mais representativa do mundo.

É com humildade pessoal, mas com justificado orgulho de mulher, que vivo este momento histórico.
Divido esta emoção com mais da metade dos seres humanos deste planeta, que, como eu, nasceram mulher, e que, com tenacidade, estão ocupando o lugar que merecem no mundo. Tenho certeza, senhoras e senhores, de que este será o século das mulheres.

Na língua portuguesa, palavras como vida, alma e esperança pertencem ao gênero feminino. E são também femininas duas outras palavras muito especiais para mim: coragem e sinceridade. Pois é com coragem e sinceridade que quero lhes falar no dia de hoje.

Senhor Presidente,

O mundo vive um momento extremamente delicado e, ao mesmo tempo, uma grande oportunidade histórica. Enfrentamos uma crise econômica que, se não debelada, pode se transformar em uma grave ruptura política e social. Uma ruptura sem precedentes, capaz de provocar sérios desequilíbrios na convivência entre as pessoas e as nações.

Mais que nunca, o destino do mundo está nas mãos de todos os seus governantes, sem exceção. Ou nos unimos todos e saímos, juntos, vencedores ou sairemos todos derrotados.

Agora, menos importante é saber quais foram os causadores da situação que enfrentamos, até porque isto já está suficientemente claro. Importa, sim, encontrarmos soluções coletivas, rápidas e verdadeiras.

Essa crise é séria demais para que seja administrada apenas por uns poucos países. Seus governos e bancos centrais continuam com a responsabilidade maior na condução do processo, mas como todos os países sofrem as consequências da crise, todos têm o direito de participar das soluções.
Não é por falta de recursos financeiros que os líderes dos países desenvolvidos ainda não encontraram uma solução para a crise. É, permitam-me dizer, por falta de recursos políticos e algumas vezes, de clareza de ideias.

Uma parte do mundo não encontrou ainda o equilíbrio entre ajustes fiscais apropriados e estímulos fiscais corretos e precisos para a demanda e o crescimento. Ficam presos na armadilha que não separa interesses partidários daqueles interesses legítimos da sociedade.

O desafio colocado pela crise é substituir teorias defasadas, de um mundo velho, por novas formulações para um mundo novo. Enquanto muitos governos se encolhem, a face mais amarga da crise - a do desemprego - se amplia. Já temos 205 milhões de desempregados no mundo. 44 milhões na Europa. 14 milhões nos Estados Unidos. É vital combater essa praga e impedir que se alastre para outras regiões do planeta.

Nós, mulheres, sabemos, mais que ninguém, que o desemprego não é apenas uma estatística. Golpeia as famílias, nossos filhos e nossos maridos. Tira a esperança e deixa a violência e a dor.

Senhor Presidente,

É significativo que seja a presidenta de um país emergente, um país que vive praticamente um ambiente de pleno emprego, que venha falar, aqui, hoje, com cores tão vívidas, dessa tragédia que assola, em especial, os países desenvolvidos.

Como outros países emergentes, o Brasil tem sido, até agora, menos afetado pela crise mundial. Mas sabemos que nossa capacidade de resistência não é ilimitada. Queremos - e podemos - ajudar, enquanto há tempo, os países onde a crise já é aguda.

Um novo tipo de cooperação, entre países emergentes e países desenvolvidos, é a oportunidade histórica para redefinir, de forma solidária e responsável, os compromissos que regem as relações internacionais.

O mundo se defronta com uma crise que é ao mesmo tempo econômica, de governança e de coordenação política.

Não haverá a retomada da confiança e do crescimento enquanto não se intensificarem os esforços de coordenação entre os países integrantes da ONU e as demais instituições multilaterais, como o G-20, o Fundo Monetário, o Banco Mundial e outros organismos. A ONU e essas organizações precisam emitir, com a máxima urgência, sinais claros de coesão política e de coordenação macroeconômica.
As políticas fiscais e monetárias, por exemplo, devem ser objeto de avaliação mútua, de forma a impedir efeitos indesejáveis sobre os outros países, evitando reações defensivas que, por sua vez, levam a um círculo vicioso.

Já a solução do problema da dívida deve ser combinada com o crescimento econômico. Há sinais evidentes de que várias economias avançadas se encontram no limiar da recessão, o que dificultará, sobremaneira, a resolução dos problemas fiscais.

Está claro que a prioridade da economia mundial, neste momento, deve ser solucionar o problema dos países em crise de dívida soberana e reverter o presente quadro recessivo. Os países mais desenvolvidos precisam praticar políticas coordenadas de estímulo às economias extremamente debilitadas pela crise. Os países emergentes podem ajudar.

Países altamente superavitários devem estimular seus mercados internos e, quando for o caso, flexibilizar suas políticas cambiais, de maneira a cooperar para o reequilíbrio da demanda global.
Urge aprofundar a regulamentação do sistema financeiro e controlar essa fonte inesgotável de instabilidade. É preciso impor controles à guerra cambial, com a adoção de regimes de câmbio flutuante. Trata-se, senhoras e senhores, de impedir a manipulação do câmbio tanto por políticas monetárias excessivamente expansionistas como pelo artifício do câmbio fixo.

A reforma das instituições financeiras multilaterais deve, sem sombra de dúvida, prosseguir, aumentando a participação dos países emergentes, principais responsáveis pelo crescimento da economia mundial.

O protecionismo e todas as formas de manipulação comercial devem ser combatidos, pois conferem maior competitividade de maneira espúria e fraudulenta.

Senhor Presidente,

O Brasil está fazendo a sua parte. Com sacrifício, mas com discernimento, mantemos os gastos do governo sob rigoroso controle, a ponto de gerar vultoso superávit nas contas públicas, sem que isso comprometa o êxito das políticas sociais, nem nosso ritmo de investimento e de crescimento.

Estamos tomando precauções adicionais para reforçar nossa capacidade de resistência à crise, fortalecendo nosso mercado interno com políticas de distribuição de renda e inovação tecnológica.
Há pelo menos três anos, senhor Presidente, o Brasil repete, nesta mesma tribuna, que é preciso combater as causas, e não só as consequências da instabilidade global.

Temos insistido na inter-relação entre desenvolvimento, paz e segurança; e que as políticas de desenvolvimento sejam, cada vez mais, associadas às estratégias do Conselho de Segurança na busca por uma paz sustentável.

É assim que agimos em nosso compromisso com o Haiti e com a Guiné-Bissau. Na liderança da Minustah, temos promovido, desde 2004, no Haiti, projetos humanitários, que integram segurança e desenvolvimento. Com profundo respeito à soberania haitiana, o Brasil tem o orgulho de cooperar para a consolidação da democracia naquele país.

Estamos aptos a prestar também uma contribuição solidária, aos países irmãos do mundo em desenvolvimento, em matéria de segurança alimentar, tecnologia agrícola, geração de energia limpa e renovável e no combate à pobreza e à fome.

Senhor Presidente,

Desde o final de 2010, assistimos a uma sucessão de manifestações populares que se convencionou denominar "Primavera Árabe". O Brasil é pátria de adoção de muitos imigrantes daquela parte do mundo. Os brasileiros se solidarizam com a busca de um ideal que não pertence a nenhuma cultura, porque é universal: a liberdade.

É preciso que as nações aqui reunidas encontrem uma forma legítima e eficaz de ajudar as sociedades que clamam por reforma, sem retirar de seus cidadãos a condução do processo.
Repudiamos com veemência as repressões brutais que vitimam populações civis. Estamos convencidos de que, para a comunidade internacional, o recurso à força deve ser sempre a última alternativa. A busca da paz e da segurança no mundo não pode limitar-se a intervenções em situações extremas.

Apoiamos o Secretário-Geral no seu esforço de engajar as Nações Unidas na prevenção de conflitos, por meio do exercício incansável da democracia e da promoção do desenvolvimento.
O mundo sofre, hoje, as dolorosas consequências de intervenções que agravaram os conflitos, possibilitando a infiltração do terrorismo onde ele não existia, inaugurando novos ciclos de violência, multiplicando os números de vítimas civis.

Muito se fala sobre a responsabilidade de proteger; pouco se fala sobre a responsabilidade ao proteger. São conceitos que precisamos amadurecer juntos. Para isso, a atuação do Conselho de Segurança é essencial, e ela será tão mais acertada quanto mais legítimas forem suas decisões. E a legitimidade do próprio Conselho depende, cada dia mais, de sua reforma.

Senhor Presidente,

A cada ano que passa, mais urgente se faz uma solução para a falta de representatividade do Conselho de Segurança, o que corrói sua eficácia. O ex-presidente Joseph Deiss recordou-me um fato impressionante: o debate em torno da reforma do Conselho já entra em seu 18º ano. Não é possível, senhor Presidente, protelar mais.

O mundo precisa de um Conselho de Segurança que venha a refletir a realidade contemporânea; um Conselho que incorpore novos membros permanentes e não-permanentes, em especial representantes dos países em desenvolvimento.

O Brasil está pronto a assumir suas responsabilidades como membro permanente do Conselho. Vivemos em paz com nossos vizinhos há mais de 140 anos. Temos promovido com eles bem-sucedidos processos de integração e de cooperação. Abdicamos, por compromisso constitucional, do uso da energia nuclear para fins que não sejam pacíficos. Tenho orgulho de dizer que o Brasil é um vetor de paz, estabilidade e prosperidade em sua região, e até mesmo fora dela.

No Conselho de Direitos Humanos, atuamos inspirados por nossa própria história de superação. Queremos para os outros países o que queremos para nós mesmos.
O autoritarismo, a xenofobia, a miséria, a pena capital, a discriminação, todos são algozes dos direitos humanos. Há violações em todos os países, sem exceção. Reconheçamos esta realidade e aceitemos, todos, as críticas. Devemos nos beneficiar delas e criticar, sem meias-palavras, os casos flagrantes de violação, onde quer que ocorram.

Senhor Presidente,

Quero estender ao Sudão do Sul as boas vindas à nossa família de nações. O Brasil está pronto a cooperar com o mais jovem membro das Nações Unidas e contribuir para seu desenvolvimento soberano.

Mas lamento ainda não poder saudar, desta tribuna, o ingresso pleno da Palestina na Organização das Nações Unidas. O Brasil já reconhece o Estado palestino como tal, nas fronteiras de 1967, de forma consistente com as resoluções das Nações Unidas. Assim como a maioria dos países nesta Assembleia, acreditamos que é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título.

O reconhecimento ao direito legítimo do povo palestino à soberania e à autodeterminação amplia as possibilidades de uma paz duradoura no Oriente Médio. Apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender aos legítimos anseios de Israel por paz com seus vizinhos, segurança em suas fronteiras e estabilidade política em seu entorno regional.
Venho de um país onde descendentes de árabes e judeus são compatriotas e convivem em harmonia - como deve ser.

Senhor Presidente,

O Brasil defende um acordo global, abrangente e ambicioso para combater a mudança do clima no marco das Nações Unidas. Para tanto, é preciso que os países assumam as responsabilidades que lhes cabem.

Apresentamos uma proposta concreta, voluntária e significativa de redução (de emissões), durante a Cúpula de Copenhague, em 2009. Esperamos poder avançar já na reunião de Durban, apoiando os países em desenvolvimento nos seus esforços de redução de emissões e garantindo que os países desenvolvidos cumprirão suas obrigações, com novas metas no Protocolo de Quioto, para além de 2012.

Teremos a honra de sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho do ano que vem. Juntamente com o Secretário-Geral Ban Ki-moon, reitero aqui o convite para que todos os Chefes de Estado e de Governo compareçam.

Senhor Presidente e minhas companheiras mulheres de todo mundo,

O Brasil descobriu que a melhor política de desenvolvimento é o combate à pobreza. E que uma verdadeira política de direitos humanos tem por base a diminuição da desigualdade e da discriminação entre as pessoas, entre as regiões e entre os gêneros.

O Brasil avançou política, econômica e socialmente sem comprometer sequer uma das liberdades democráticas. Cumprimos quase todos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, antes de 2015. Saíram da pobreza e ascenderam para a classe média no meu país quase 40 milhões de brasileiras e brasileiros. Tenho plena convicção de que cumpriremos nossa meta de, até o final do meu governo, erradicar a pobreza extrema no Brasil.

No meu país, a mulher tem sido fundamental na superação das desigualdades sociais. Nossos programas de distribuição de renda têm nas mães a figura central. São elas que cuidam dos recursos que permitem às famílias investir na saúde e na educação de seus filhos.
Mas o meu país, como todos os países do mundo, ainda precisa fazer muito mais pela valorização e afirmação da mulher. Ao falar disso, cumprimento o secretário-geral Ban Ki-moon pela prioridade que tem conferido às mulheres em sua gestão à frente das Nações Unidas.
Saúdo, em especial, a criação da ONU Mulher e sua diretora-executiva, Michelle Bachelet.

Senhor Presidente,

Além do meu querido Brasil, sinto-me, aqui, representando todas as mulheres do mundo. As mulheres anônimas, aquelas que passam fome e não podem dar de comer aos seus filhos; aquelas que padecem de doenças e não podem se tratar; aquelas que sofrem violência e são discriminadas no emprego, na sociedade e na vida familiar; aquelas cujo trabalho no lar cria as gerações futuras.

Junto minha voz às vozes das mulheres que ousaram lutar, que ousaram participar da vida política e da vida profissional, e conquistaram o espaço de poder que me permite estar aqui hoje.
Como mulher que sofreu tortura no cárcere, sei como são importantes os valores da democracia, da justiça, dos direitos humanos e da liberdade.

E é com a esperança de que estes valores continuem inspirando o trabalho desta Casa das Nações que tenho a honra de iniciar o Debate Geral da 66ª Assembleia Geral da ONU.

Muito obrigada.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

3 Irmãos de Sangue

Ao pesquisar sobre o belíssimo documentário "3 irmaõs de Sangue", encontrei nas palavras de Atila Roque toda a beleza que foi passada com o filme.

"Acabo de voltar do cinema com minha filha. Fomos assistir Os Três Irmãos de Sangue, um documentário emocionante sobre a vida dos Souza – Betinho, Henfil e Chico Mário. É tremendamente tocante por várias razões. Suas histórias já são de um pulsar intenso, cada qual a seu jeitinho, conquistando seu espaço naquilo que tinham vocação para fazer, sem se limitar ao campo dessas vocações. Betinho queria ser músico, mas depois de ver Chico tocando tão lindamente, realizou seu desejo no irmão; acabou por tornar-se um sociólogo brilhante, de quem jamais esqueceremos por ter-nos feito lembrar ou acordar em nós o sentimento mais nobre do ser humano (como diz Chico no filme), que é a solidariedade. Além de despertar outros muitos sentimentos, como indignação, consciência social e política, amor ao próximo, fosse esse quem fosse. Chico foi um músico extraordinário, sofisticado em sua simplicidade mineira de tocar. Suas letras (conheço pouco sua obra, coisa que tratarei de mudar logo logo) são de uma honestidade cativante e, por vezes, dolorida, como na música Terra, do disco homônimo, em que trata da tortura de forma pungente, direta, “sem metáforas”, como ressalta Joyce no documentário. Além do talento, foi um precursor da produção de discos independentes quando, provavelmente, ainda nem eram chamados assim. Henfil dispensa apresentações. Cartunista genial, escritor irreverente – como irreverente era tudo o que fazia –, figura carismática, insolente, inquieta. Seus personagens nos cartuns são de uma sagacidade, ironia, sarcasmo, sensibilidade e sei-lá-mais-quê. A Graúna – essa aí de cima – expressa, em seus poucos traços do rosto, o que quiser, raiva, compaixão, tristeza, alegria. Lembro também de assistir na adolescência um quadro dele, TV Homem, no programa TV Mulher. Era engraçadíssimo, mas era mais que isso; era interessante a forma como ele abordava os assuntos, cara a cara com a câmera, com um olhar tão sincero. E dizia: eita vida besta, sô! Bacana demais o Henfil. Além de tudo isso, o filme nos faz lembrar momentos memoráveis de nossa história, com cenas da ditadura, da volta dos exilados, das campanhas Diretas já! e Reage Rio. Isso sem falar nos depoimentos fantásticos de pessoas que conviveram com eles, entre família, amigos/as, profissionais da medicina – todos acabavam tornando-se amigos/as – e músicos, muitos músicos. Saí do cinema com a estranha sensação de orfandade, pensando em quanto de criatividade, suavidade, obstinação e talento a gente perdeu na despedida de vida desses três. Mas eles nos fazem também reavaliar os significados das palavras tempo, vida, esperança, solidariedade, dedicação, luta e muitas outras. Lindas figuras, belo filme." 



domingo, 18 de setembro de 2011

Melancholia






Já está disponível, no site oficial do filme, o trailer de "Melancholia", novo drama do cineasta dinamarquês Lars Von Trier. Clique aqui para assistir.
O longa é estrelado por Kirsten Dunst, Charlotte Gainsbourg e Kiefer Sutherland.
A sinopse de "Melancholia" fala em duas irmãs que têm sua relação desafiada pela proximidade de um planeta que ameaça colidir com a Terra. O trailer mostra cenas de um casamento, em que a personagem de Dunst começa a questionar seu destino.
No site oficial, Von Trier descreve "Melancholia" como "um belo filme sobre o fim do mundo".
Conhecido como um dos criadores do movimento artístico Dogma 95, Von Trier é o autor dos polêmicos "Dogville", com Nicole Kidman, "Dançando no escuro", com Björk, e "Anticristo", com Charlotte Gainsbourg.

Eu recomendo!



sexta-feira, 26 de agosto de 2011


Com ideais republicanos, a pernambucana Bárbara de Alencar participou de movimentos pró-independência do país, sendo considerada uma heroína. Foi a primeira mulher presa por motivos políticos no Brasil. Foi avó do grande escritor José de Alencar.