quinta-feira, 9 de julho de 2009

Louca Lucidez

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Venho por meio deste espaço abordar um tema delicado, porém extremamente necessário. Esse pequeno texto elaborado é fruto de uma pesquisa "superficial" sobre o tratamento e preconceito existente, e as conclusões que constatei, vivi e experimentei, nas visitas a meu pai em nos Hospitais Psiquiátricos. De forma clara e objetivo deixo minhas observações sobre o assunto proposto.
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A amputação mais dolorosa nos Hospitais Psiquiátricos é a dignidade pessoal: O internado se sente desqualificado e coisificado. Qualquer mensagem emitida é reinterpretada pelo pessoal do Hospital como "coisa de louco", o que deteriora o sentimento de autonomia e auto-respeito do paciente.
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Isto faz com que a forma adaptativa mais comum seja a de "aceitar" a proposta do meio manicomial e começar a comportar-se "como um louco", ou seja, a cumprir as expectativas da Instituição.
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Levando-se em conta que, nem todas as condutas loucas são permitidas, mas apenas as de "louco adaptado", obediente e respeitoso para com os enfermeiros, diagnósticos e regulamentos.
A monotonia e o sentimento de solidão e abandono levam uma vida sem projeto de futuro, pois não é dono de seu destino quem não é dono de si.
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Não quero dizer com isso que a loucura não existe, sim existe e as vezes supera o imaginável. O que ocorre logo depois do surto psicótico é uma espécie de readaptação ao mundo convencional. Apenas, já é tarde para sair tão rapidamente como se entrou, porque a pessoa teve "cortado os seus víveres" pelos de fora, perdeu seu trabalho- o que na maioria das vezes é definitivo, foi eliminada mentalmente de seu grupo familiar e perdeu contato com os amigos, além de possuir a marca-estigma do diagnóstico, com um grande carimbo nas costas: Louco.

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