quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Pai


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Aqui dentro, na região mais secreta de meu ser, onde as coisas doem ou deixam de doer depois que cicatrizam, o que ressoa sempre é sua voz erguendo-se de repente. É sua voz que a mim se estende, que me envolve como um casulo de solidariedade, que me ensina o sentido da cumplicidade.

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Em seu obstinado silêncio, em sua “aparente” desistência do mundo, meu pai jamais deixa de ter sobre mim um olhar atento. Sabe, sempre, quando me deixar feliz.

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"Eu muito pequena, cabendo inteira no espaço de seu abraço. A barba por fazer me raspa o rosto, é a primeira vez que experimento essa sensação ao mesmo tempo desconfortável e de intenso prazer. Ali, naquele refúgio, nada poderia me colocar em risco."

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2 comentários:

Rodolfo Vasconcellos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Rodolfo Vasconcellos disse...

Ser aceito em teu mundo, e dividir o meu contigo é uma experiência viva... Deliciosa e insistentemente viva. Tua capacidade de percepção da dor, e mesmo a de antevê-la, suaviza meu estar contigo e me libera de medos paralisantes. Sem que percebesse, livraste-me dos últimos resquícios de freios burgueses, e cuidas para que não me arrebente quando voltam a cruzar meu caminho... Nosso caminho.