domingo, 5 de outubro de 2008


Psicologia de um Vencido



Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escape da boca de um cardíaco.

Já o verme - este operário das ruínas -
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos pra roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!

Augusto dos Anjos

2 comentários:

Anônimo disse...

Talvez se posa fazer mais pelo seu pai, talvez você possa também, pra além do discurso de não ter condições de acolhe-lo...vais deixá-lo na rua? Sei que é difícil mas ele é seu pai! Sei que posso estar sendo injusto, se estiver me perdoe, mas não espere do Estado, do outro, algo que você pode fazer.
Não faça de hino para o seu pai a Psicologia de um vencido!

Nadja Rolim disse...

Nadja Rolim:É uma pena o que a imprensa irresponsável e sem credibilidade tem feito. As críticas que tenho recebido são inúmeras, logo eu que sou a única pessoa que ainda posso defendê-lo.
Eu realmente admito, sem o menor constrangimento que não tenho condições financeiras de acolhê-lo, certamente se tivesse nada disso estaria se passando agora. E como erroneamente você pensa, ele não está na rua porque tive a ajuda de pessoas iluminadas e humanas, como faço questão de ressaltar: o ator Luiz Carlos Vasconcelos (que sempre esteve presente), meu esposo Rodolfo Vasconcellos, o diretor do Hospital São Pedro: Luciano, a assistente social que o acompanhou no tratamento: Vera, o Ministério Público, através do senhor Valberto Lira, e por fim a Instituição Espírita que o recebeu com muito carinho e dignidade, representada por Laélcio. Venho lutando com as armas que tenho por ele e em nenhum momento, Repito: NENHUM MOMENTO omiti-me das responsabilidades que me cabem como filha. E como você bem fala, não é difícil que Sávio seja meu pai, absolutamente. É um prazer extraordinário ter um cara sensível, doce, carinhoso, amoroso, dedicado, preocupado ao meu lado.
Agradeço profundamente a Prefeitura de João Pessoa, que tem arcado com as despesas da Instituição, enquanto consigo a aposentadoria de papai pelo Inss.
Ele não está e jamais estará na rua, porque enquanto eu estiver viva isso nunca acontecerá , caríssimo.